Museu da Língua Portuguesa: que volte para nós, com toda sua força, em breve!
- 4 de julho de 2019
- Posted by: torredebabel
- Categoria: Cultura Notícias Nacionais
Laudo do Instituto de Criminalística aponta que fogo foi causado por defeito em um dos holofotes do prédio na Luz que foi parcialmente destruído em dezembro de 2015, diz pasta da Segurança.
Após três anos e meio, a Polícia Civil de São Paulo concluiu o inquérito do caso do Museu da Língua Portuguesa sem apontar culpados pelo incêndio que destruiu o prédio e provocou a morte de um bombeiro civil. Laudo do Instituto de Criminalística (IC) apontou que o fogo foi causado por defeito num dos holofotes do prédio na região central da capital.
As informações foram confirmadas nesta quinta-feira (4) ao G1 pela Secretaria da Segurança Pública (SSP).
As chamas destruíram parcialmente a estrutura do museu no dia 21 de dezembro de 2015 (veja abaixo vídeos com reportagens da TV Globo sobre o caso). Ronaldo Pereira, de 39 anos, que trabalhava no local como bombeiro civil, morreu após parada cardiorrespiratória devido à fumaça.
“A Polícia Civil informa que o inquérito foi concluído e relatado em junho de 2019, sem indiciamento. Laudo do Instituto de Criminalística aponta que o incêndio foi provocado por um defeito em um dos holofotes”, informou a assessoria de imprensa da pasta da Segurança.
O inquérito policial havia sido registrado no 2º Distrito Policial (DP), Bom Retiro, como incêndio e morte suspeita a esclarecer.
Segundo o Corpo de Bombeiros informou à época, o incêndio destruiu o segundo e terceiro andares do museu. O teto de madeira ainda desabou.
O fogo teve início por volta das 15h50 e foi controlado após duas horas e meia. O acervo do prédio, considerado patrimônio histórico, era digital e contava com cópia de segurança. O museu foi inaugurado em 2006.
Tanto o museu quanto todo o complexo da Estação da Luz, que ficava no entorno, não tinham auto de vistoria dos Bombeiros.
Procurado nesta quinta pelo G1, o Ministério Público (MP) informou por meio de seu setor de comunicação que o inquérito foi encaminhado à promotora Cynthia Pardo Andrade Amaral na esfera criminal.
Segundo a assessoria do MP, a 6ª Promotoria Criminal analisa o inquérito para se manifestar sobre as conclusões da polícia a respeito do incêndio no museu que deixou um bombeiro morto.
A reportagem apurou que, se a promotora concordar com a investigação policial, ela poderá pedir à Justiça o arquivamento do processo. Outra possibilidade é devolver o inquérito à delegacia responsável pela investigação para que apure outras provas ou aponte os eventuais culpados.
Na área cível, o MP informou que o caso está sendo apurado pelo promotor Cesar Ricardo Martins e ainda não há uma conclusão.
O caso do Museu da Língua Portuguesa também teve desdobramentos no Ministério Público Federal (MPF), em outra apuração.
De acordo com o que informou nesta quinta a comunicação do MPF, “foi instaurado um inquérito civil para acompanhar as providências adotadas pelo poder público para a recuperação física e preservação do patrimônio histórico e cultural dos edifícios atingidos pelo incêndio.”
Ainda em 2016, a previsão inicial do governo de São Paulo para reabertura do museu era no primeiro semestre de 2019. À época havia sido anunciada a parceria “Aliança Solidária”.
O custo total da obra seria de R$ 65 milhões. Destes, R$ 34 milhões são investimentos da iniciativa privada. A empresa portuguesa EDP é patrocinadora máster. O Grupo Globo e o Grupo Itaú também participam da Aliança.
Em 2019, o governo informou que após a restauração das fachadas e cobertura do edifício, está sendo realizada a reconstrução dos espaços internos. A previsão é que a sede seja reaberta em 2020.
A ID Brasil, Organização Social de Cultura gestora do Museu da Língua Portuguesa, disse em nota:
“A IDBrasil aguarda o resultado do inquérito e segue o trabalho de apoio à reconstrução do Museu da Língua Portuguesa. O término das obras está previsto para 31 de outubro de 2019 e o Museu será reaberto no primeiro semestre de 2020.”
Uma câmera de segurança registrou o começo do incêndio no Museu da Língua Portuguesa, no Centro de São Paulo, em 21 de dezembro. As imagens foram obtidas com exclusividade pelo Jornal Nacional. A câmera estava instalada no teto de uma sala do 1º andar, onde ficava a mostra “O tempo e eu”, sobre o historiador Câmara Cascudo.
Na data do incêndio, o museu estava fechado e era dia de manutenção. O vídeo mostra a movimentação de funcionários desde cedo. No início da tarde, dois deles passam com uma escada e checam a iluminação. Às 13h42, a equipe leva a escada para o corredor e para num ponto distante da câmera, mas é possível ver que um dos funcionários sobe na escada.
Neste ponto, estavam penduradas várias redes de dormir, um dos temas de estudo do historiador. Acima delas, havia refletores. As imagens das câmeras confirmam o que os funcionários do museu disseram à polícia: que o incêndio teria começado com a troca da iluminação. A suspeita é que uma fagulha, causada por um curto-circuito ou o estouro de uma lâmpada, tenha caído nas redes.
Pouco depois das 14h, os funcionários fazem testes com os refletores. Às 14h52, começa o incêndio no corredor. Vários pedaços em chamas vão caindo do teto. Tudo indica que são as redes pegando fogo. Um minuto depois, o incêndio já toma conta do corredor.
Em seguida, chega o bombeiro civil Ronaldo Ferreira da Cruz. Ele acabou morrendo tentando combater o fogo. O incêndio se espalha rapidamente e há muita fumaça. O calor afeta a câmera que fica com a imagem em preto e branco até parar de gravar.
Fonte. Por Kleber Tomaz, G1 SP